O desafio do rock
autoral - a música resgatada ao status de arte.
Romper as
barreiras dos gêneros- não fazer rock, não fazer pop, não fazer samba, não
fazer mpb, não fazer funk, ou qualquer outro gênero. Não é mais uma categoria,
é a música sem categorias, respeitando a bagagem existencial de cada um dos
integrantes – sua historicidade.
Cada canção é
um ensaio filosófico e antropológico sobre a pós-modernidade contada por meio
de crônicas ou poemas musicados que usam personagens ou fatos ocorridos que
passam a fazer parte da história da cidade e são incorporados pelo imaginário popular e criam formas
arquetípicas de conduta moral.
A construção
da identidade de Brasília é a construção de uma identidade urbana.
Responsabilidade transferida para as cidades-satélites, com contrastes sociais
muito mais explícitos. A identidade urbana só é formada mediante a construção
de uma ética, que é definida segundo um contexto sócio-econômico e cultural e,
atualmente o acesso à informação também tem sido um fator de segregação.
Como toda obra
de arte, a música não deve ser apenas absorvida pelo ouvido, mas pelos olhos,
pelo cheiro, pelo tato, pelo paladar e principalmente, pela mente. Vivemos sob
o império dos sentidos, caindo em suas armadilhas de consumo, sempre aceitando
o novo ‘hype’, a arte excita a participação de todos os sentidos em nossa
percepção do que está a nossa volta.
O nome da
nossa banda é BARBARELLA e foi formada em ’96, na Ceilândia, periferia de
Brasília. Muito do nosso som vem desse contexto suburbano, mas com diferenças
inusitadas em relação a outras cidades
do Brasil. Aqui nós chamamos de Cidade-satélite.
A influência desse contexto é
a identificação nas canções do contraste entre paradigmas como a modernidade,
expressa na arquitetura monumental, a
pós-modernidade, expressa pelo abismo sócio-cultural em que o avanço
tecnológico não significa melhoria da vida dos cidadãos, e um outro que seria o ultrapassamento desses
dois, que mantém características dos dois primeiros – o pós-pop, uma espécie de
“pós-pós-modernidade”.
Outro fator
que caracteriza o som do BARBARELLA é a utilização de equipamentos ‘vintage’ e
procurar uma sonoridade mais analógica, com amplificadores valvulados, reverb
de mola, gravação em fita de rolo, órgão moog e hammond e as possibilidades de um estúdio
analógico caseiro montado pela própria banda onde as experiências de texturas e
linguagens podem ser melhor exploradas.