sexta-feira, 14 de junho de 2013

CEILÂNDIA E O ROCK - Parte I - da origem e periferização da identidade

           


      O Distrito Federal tem como característica peculiar manter o Plano Piloto como centro do poder  e as cidades-satélites (um eufemismo moderno para periferias) orbitando em sua volta.
 
Impulsionados pela expectativa de desenvolvimento, pela procura de oportunidades e pela esperança de melhoria de vida, milhares de brasileiros de todos os cantos migram para o DF desde antes de sua inauguração e são distribuídos geograficamente segundo o nível socio-econômico.

 Um fluxo migratório constante e perpétuo que tem como algumas de suas consequências o aumento da exclusão cultural, resultado do baixo ou nenhum investimento em políticas públicas culturais ou fomento de  movimentos artísticos e opções de lazer.

 A arte fortalece a capacidade cognitiva do indivíduo facilitando a assimilação do conhecimento na escola, criando um espírito crítico e o inserindo em um contexto de interação social que resulta em desenvolvimento socio-cultural. Infelizmente, a educação é um capital humano pouco valorizado.
Essa situação periférica e dependente condenou as satélites a ter uma vocação de cidades dormitórios. Porém, o crescimento populacional também traz diversidade cultural que necessita de alternativas de expressão, pois possui demanda artística e público carente, que acaba se tornando mais vulnerável às armadilhas da comunicação de massa.
A "capital do rock" é só uma lenda, um título, um rótulo, uma marca, um produto ou um personagem que ficou nos anos 80, um mito que alimenta a indústria da mídia e o imaginário popular a pré-fabricada rebeldia de plástico, enlatada e embrulhada para presente, a falsa idéia de contestação e revolta que encobre o conservadorismo e a caretice representada pelo gênero denominado pop/rock brasiliense ou rock candango que sofre do mal nostálgico de reviver os tempos áureos do rock do Plano Piloto nos anos 80. 
Com a velocidade na troca de informações atualmente, muitas bandas conseguem tocar em outros estados e gozam do status de ser uma “banda de Brasília” e são tratados como estrelas do rock . As bandas e o público esperam ser/ver o novo Legião, o novo Capital, o novo Paralamas e os meios de comunicação, mesmo aqueles direcionados ao mercado independente estão nas mãos de poucas pessoas que escolhem quem deve estar ou não em evidência no rock de Brasília.
     O rock de Ceilândia reivindica uma identidade cultural que é construída com perspectivas a longo prazo, mas que depende do esforço diário de cada membro da sociedade para preservar os valores herdados dos pioneiros e dialogar com novos valores apresentados pela atualidade, seus conflitos e suas sínteses.
         É preciso desmitificar a capital para superar ilusões e utopias. É preciso encarar a realidade, a cidade, o ser humano e o contexto(os dois primeiros inseridos no tempo)  suas contradições e seus tabus e traduzir isto em ROCK!

ROBSON GOMES



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